28 fevereiro 2005

um sopro…no dia

Juntei todos os instantes que me tocaram o dia e se prenderam no olhar.
Derramei-os numa folha branca.
Depois, deixei-me invadir pelos aromas de luz, que se deram ao trabalho de me visitar e desenhei um menino a sorrir, com todos os pedaços do dia que se espraiaram na folha, revestida de vidas e cor.
Espreitava, o menino, com olhar curioso, para além da folha, no desenho que lhe calhou em sorte, com todos os instantes do meu dia…
Por fim soprei todos os pedaços e deixei que voassem para "de lá" da memória, da minha e da do menino que se desenhou no meu dia, e fiquei a olhá-los a poisar nas folhas das árvores que se desprendiam em viagens sem destino…

27 fevereiro 2005

sem medida

O destino tem esta coisa espantosa de não ser grande nem pequeno e ter a dimensão exacta da existência

Inapontamentos para um manual da serenidade”, ou como a medida de um caminho se dissolve no infinito...

25 fevereiro 2005

momentos mágicos do impossivel

Andei a passear a minha sombra como quem passeia um cão em trela curta…
Entre o Sol-Pôr e o instante das cores-não-possíveis, soltei-lhe a trela e deixei-a ir…
Fiquei a olhar o mergulho que deu no arco-íris, a sorrir-me em amizades cúmplices…
Ainda não regressou.
Se não voltar, pinto outra…

24 fevereiro 2005

gastronomias…astronomias, ou loucuras sentidas? Sonhadas? O melhor é ficar por aqui…

Há um corvo que me persegue o imaginário e que come girassóis. Talvez por isso não seja negro…Só não entendo porque o pinto sempre de vermelho-fantasma e não de amarelos…
Será porque me assusta com o seu segredar? Ou porque sou vazio-borboleta que se finge gaivota, não come girassóis e se esconde no mar?

22 fevereiro 2005

estranhezas

Encontrei duas palavras estranhas num dicionário que se me colou no olhar:

Poeta: aquele que faz versos; vate; trovador; versejador; aquele que tem inspiração poética ou imaginação inspirada; criador de expressões, poeticamente belas, dos sentimentos humanos; idealista; sentimental; sonhador.
Azul: Cor do céu sem nuvens; cerúleo; embaraçado; uma das
cores do arco íris.

Depois percebi que não eram as palavras que eram estranhas. Estavam presas na “finitude” do sentir de quem as catalogou e as agrilhoou nos significados.

O “azul” precisa de um céu inteiro para ser cor e “poeta” necessita do tamanho todo de um sonho para nascer…

21 fevereiro 2005

labirintos de sombras

O mundo está carregado de muros, de casas, de janelas, de telhados, em labirintos de sombras pesadas.
Cidades, seguidas de cidades, de vilas e aldeias.
Pesadas.
Poluídas de gentes que esvoaçam como pombas, porém tem poetas que se fingem gaivotas e se desenham de Mar, pintado de velas despenteadas de navegar(es).

20 fevereiro 2005

a órbita...

A morte é uma continuidade, não um fim, assim não fosse e eu não teria átomos de gaivota, de acácias rubras e de dinossauros misturados no olhar…

In “ apontamentos para um manual da serenidade”,para um “manual de catalogação da transformação genética do sentir”, ou a forma mais rápida de assumirmos que somos um ponto de uma linha que não terá fim , ou ainda como se desenha a órbita da vida…

19 fevereiro 2005

outros olhos

Escuto-te!
Oiço-te, sem poema, porque a vida não O é, pinta-se nele…
Oiço-te, nos ecos de uma nuvem branca, em murmúrios de uma folha de Outono, sem poema…
Escuto-te!
Com os olhos do Nascer…

18 fevereiro 2005

17 fevereiro 2005

hibernações

Escondo-me no abrigo de uma árvore,
qualquer,
enquanto a alma hiberna,
sozinha.
No ensombro, escrevo memórias espaças de um voo de mocho enamorado pela lua,
menina.
Caiu a noite, não há histórias nem sonhos...
Há uma transparência cristalina que aguarda o instante, de voltar a ter cor,
sem cinzentos-neblina.
Dorme, a alma,
talvez cansada,
talvez dorida,
dorme,
sossegada,
abraçada na arvore da vida…

16 fevereiro 2005

serenidades estonteantes

Vagabundo-me no tempo, à procura das memórias do que não vivi.
Não é viagem nem sonho, é uma liberdade infinita que se transporta na alma...

15 fevereiro 2005

biblioteca

Pintei uma biblioteca.
Apeteceu-me, num impulso de cor.
Uma biblioteca de castanhos cruzados de sombras, riscadas de caminhos.
Linhas ininterruptas de sentidos.
Pintei-os!
Todos!
Os meus, Livros. ( nem todos se olham de castanho, mas no meu quadro sim, repetidamente castanhos, de todos os castanhos que o saber me sintetizou em cores e em Ver…)
Terminado o quadro, e os castanhos, tinha uma biblioteca, a minha…aquela, não outra.
Depois, ah depois, agarrei no pincel e mergulhei-o no amarelo, (amarelo, sem adjectivos nem matizes, amarelo-ovo, que é o amarelo que me referencia o olhar, coisa tola porque há tantos ovos como amarelos…) e deixei que escorregasse, gota, em sorriso, a abraçar todos os meus castanhos. Tinha todas as palavras com que gostava de sonhar um livro, aquela lágrima-gota, que me fugiu colorida…

14 fevereiro 2005

absurdo(s)

Quero sentir o absurdo, pelo simples prazer de reinventar a forma do Mar. Transformá-lo em montanha-de-céu (Disparate! como se ele precisasse de ser montanha para tocar o céu, só podes estar doido-de-ti…), apenas porque é esse o meu sentir ( ah!, se assim é, continua…).
Estou no limiar do absurdo-de-mim, como um azul que se reflecte sépia, preso no Tempo, na duplicidade de me ser muitos e de procurar só um, na ilusão absurda de reinventar a forma-do-ser…
Quero senti-lo! (o absurdo) para conhecer o desenho que me contorna o ver…
Quero tactear a fronteira do olhar (o absurdo?), para me saber-o-eu…

13 fevereiro 2005

um depois de outro, mas um só de cada vez

Cada dia deve ter o seu instante mágico.
Se o não teve, foi porque andámos distraídos, ou teve o infortúnio de lhe caber mais do que um…
"In " Apontamentos para o manual de serenidade, ou como se deve estar atento para o instante único que nos extasia os sentidos e o existir, ou como a banalidade pode cobrir de sombra o maravilhar…

12 fevereiro 2005

a caixa

Fecho os olhos.
Encerro-me!
Sou gaivota-de-rio que voa com o universo.
Oiço-me num pintar constante que se estilhaça em cores,
no verso…
Fecho os olhos.
Sou-me!
Partícula,
ínfima.
Reflexo de mar,
diluída,
no amar,
da vida…
Fecho-os,
na intimidade de uma tela,
navego no prazer de existir, na “infinitude” que me absorve.
Sinto o que me dissolve…
Fecho os olhos,
em abraço, a fluir…
Sou gaivota,
rio,
jangada sem vela,
a partir…

11 fevereiro 2005

o instante, sem tempo para ser futuro

Procuro palavras,
quaisquer,
procuro-as, não sei se o som se o sentir de cada uma .
Procuro , o afecto de uma imagem desenhada na emoção de uma aventura. Tesouro escondido no código secreto de um sonho.
Procuro. Não que tenha perdido! Procuro com a curisidade e a necesidade do Novo...
O que me alenta é a descoberta, não o que tive no olhar.
O passado já o vivi, o futuro não o quero agora...
Quero o que se entremeia e que se vive na ausência do tempo…
Um sonho, pode extinguir-se numa eternidade ou num instante.
Quero ambos,
juntos,
numa história ou numa simples palavra.
É essa que procuro e me conto em segredo, não vá o futuro roubar-me o instante.

10 fevereiro 2005

suavidades

Entre o difuso de se Ser e o de querer Ser mais do que se pensa, do que se cria, ou inventa,
hoje,
envolvi-me numa melancolia distraída, à procura de uma breve suavidade de deixar passar o tempo… como uma nuvem branca, quase transparente de azul que escorrega no céu.
Sento-me,
numa pedra arredondada do existir e dou comigo a conversar, num diálogo matizado de intimidade. Não sei quem me ouve, mas O que me rodeia abraça-me num entendimento quente de fusão como,
se,
simplesmente ali estivesse, sem outra única razão do que a de estar ali, naquele instante, naquele espaço, senhor da minha própria ausência, como a pedra, como a nuvem, num movimento sem tempo, mas presente, parte de um todo, numa comunhão de paisagem,
pedaço de vento,
pedaço de cor,
pedaço de mim…

09 fevereiro 2005

não é importante...seria?

A bailarina dançou-me, numa mímica colorida, a adivinhar sorrisos.
Depois foi-se embora, sem som, assim de uma vez só.
Parecia uma bola de sabão...
Seria?
Não sei, mas ainda tenho o sorriso…
Qual?
Não digo!

08 fevereiro 2005

quase murmúrios, quase segredos, ou o horizonte da alma

Tenho em mim uma incerteza que me interroga curiosa… a de sentir que o que perdi ( atento ou desatento), no caminho navegante que vagueio e olho sereno, bem no cimo da gávea, onde me sopram os alísios (quase murmúrios, quase segredos), me acompanha escondido ( o perdido), pronto para me contar uma história, cheia de significados e de cores, como se fosse uma pele de pó, que protege da luz as cores do sentir.
Tenho a sensação que tudo o que me coube no olhar, caminha comigo, num desenrolar de novelo sem princípio nem fim (permitam-me a ousadia de desenhar este sentir, esta linha difusa, porque distante, mas definida porque intima e de lhe chamar o meu horizonte da alma, como se fosse uma espécie de “adn” das emoções que nos moldam a forma do olhar e do viver…).
Sentido, "isto", o caminhar torna-se leve e suave, quase melodia (quase murmúrios, quase segredos), porque nos sabemos e sentimos inteiros, com todo o nosso ir na bagagem, nesta viagem, embarcada no navegar...

07 fevereiro 2005

um dia cheio de numeros, que se perderam no tempo

Tenho poucas palavras. O eu que me vive, que se movimenta anónimo de mim, encheu-me de números, o dia todo.
Cálculos atrás de cálculos em somas de absurdos.
Não me sobrou letras para o sentir, como se o dia tivesse passado sem me dizer, estou aqui. Não tenho memórias para este dia ausente de pequenas coisas.
As cores do hoje que me encobriram o Ver, têm formas algébricas, de métricas, sem fim, nem destino.
Os números não tem destino, porque se repetem sempre que se quiser .
São monótonos os números que nos transformam em vazio.
Todos, são a repetição do Um, mesmo os minúsculos, são uma repetição do um.
Que monotonia de dia.
Vou ver se ainda consigo olhar a noite...
É grande demais para caber num numero, a noite que vou espreitar…

06 fevereiro 2005

continuidades surrealistas, mas mal humoradas

Acordei mal-humorado. Para ser preciso, acordei no lado negro do humor.
Dei comigo a sussurrar ao ouvido de Vicente *, “ …andei a passear com os teus verdes, em boémias nocturnas ao som de guitarras…”
Mandou-me aos Girassóis!

a partir dos próximos dois pontos , deve ler-se o texto em sussuro, num quase nada de som:

(que raio, lá estou eu a exprimir-me, (pretende-se uma ligação ao expressionismo, subtilezas sem humor, que só fazem sorrir quem escreve) a desenhar, o irreal, com girassóis e cores surrealistas!
que significado terá para um analista da mente ou do sentir, um girassol?, ou será o amarelo? ou será que o sinto e vejo, porque é bonito e imponente? ou será uma simples fixação, em dias cinzentos e frios e que serve apenas para aquecer o sentir a quem os imagina, coloridos a fingir-se quadro, ou poema?
não! não estou sob efeito de nada , é apenas a minha própria loucura de me entreter com as cores que me perseguem na companhia do dia…
também imaginei o dali só com metade do bigode, cortado em acto puramente naturalista e higiénico, mas é melhor ficar mesmo por aqui, que prezo a minha sanidade, mesmo em dia cinzento…)

*Vicente, não é gato nem coisa outra, é mesmo o Mestre Van Gogh, que impressionou, com o seu expressionismo, e cortou orelha, em acto puramente surrealista…

05 fevereiro 2005

devaneio surrealista

Hoje divago,
devaneio sem sentido, fora desta atmosfera densa e intensa das emoções.
Sigo a linha do desenho, curva seguida de curva à procura da forma, da imagem, deslizando no deleite da descoberta.
Caminhos novos, íntimos que esvoaçam suspensos, no ser.
Olho o desenho, imaginando-me mágico que num golpe de asa, num sopro, num assobio, o transforme num delicado flamingo-rosa , a elevar-se rasante até ao infinito. Escrevo sem sentido, espasmos de memórias, divago, como quem semi-dorme numa carruagem de comboio, sem tempo, nem pressas, nem cais de desembarque.
É um ir, não uma fuga (estás a ficar chato. sempre esta vontade louca desmedida de ir, de caminhar, de avançar, de descobrir. repito esta lenga-lenga, quase até à exaustão…será do comboio, será duvida se realmente fujo? não, é apenas uma cor que gosto, que uso, porque me reconheço nela, uma espécie de azul-nuvem, que permite olhar o sol de frente, sem dor).
Hoje divago,
sem sentido, vestido de oleado amarelo-torrado-de-marinheiro-pescador do-mar-do-norte, encrespado num sobe e desce, ora céu ora abismo, neste Mar que me envolve em onda-de-vida.
Atropelo os meus fantasmas, as minhas sombras ( repito-me novamente , agora já não é o rame-rame do comboio, é mesmo o barco que vai de feição por esse mar dentro, que me ferve na alma. outra cor de que gosto e que uso em abuso. tenho que voltar ao mercado das cores, amanhã é dia de mercado, vou levantar-me cedo, quero vê-las todas juntas e escolher apenas aquelas que me dançarem, saltimbancas ao som da brisa).
Mergulho na fantasia e deslizo como uma lágrima que acaricia a emoção antes de se disfarçar em sorriso e deixo-me maravilhar pela viagem que me oferece o esbelto e feminino flamingo-rosa, que insiste que lhe chame Girassol. (Girassol? que raio de nome para um flamingo-rosa? ).
Hoje divago,
sem rumo , no interior colorido de um sonho inconsequente, apenas pelo prazer de voar num flamingo-rosa, lindo de esbelto, que só sorri a fingir-se de girassol.
As palavras estão sem rosto, porque não tem outro intuito senão o de terem nascido assim tal qua,l de uma divagação sem sentido.
(Disse-me o Mestre um dia, ao ouvido, que a melhor provocação para o sonho, é fazer um esboço difuso de um quase-sonho, para que cada um sinta a sua própria história e voe com a emoção da sua própria magia, com o peso exacto das emoções que se esconde em cada uma das lágrimas que, atrevidas e aventureiras se transformam em sorriso, como um Girassol, que não Gira, mas que todos imaginam girar…)

04 fevereiro 2005

abismo

Persegues-me, no silêncio de uma sombra.
Cobardemente ausente, a vasculhar-me os sentidos, os recantos do meu ser, pisas-me…
Vejo-te.
Sei-te, veneno em gota.
Incolor.
Esmagas, passo por passo, os meus, sem entenderes que passo dado não se repete, não se repisa. Trilho, é caminho andado, não é descoberta. Tem nome. Nome tem olhar e o Ver sentir.
A sombra dos meus passos tem a minha angústia, não a tua, que é outra. Tua.
Espreitas-me o olhar, o sentir, intrusa.
Só não me sabes o querer…
És palhaço pintado em cenário de papel, com muitas tintas, tantas que te esborrachas nódoa, no chão, sem passos, teus.
Os meus navegam, bolinam. São meus.
Caiem no abismo, gritas-me.
Vejo-te!
Sei-te longe, de longe do meu voo...
Branco de gaivota-azul, vou, Palhaço-de -carne-vivo, lacerado, mas a sentir passo por passo o caminho que dou. Meu.

( de vez a vez, mais do que o desejado releio-me e vejo-me todo lá dentro, possessivo de mim. são instantes, escritos que ficam como um passo, mas, acreditem, há outros olhares, outros sentires, no tempo que sobra de cada instante em que me escondo em mim. como um cágado, ou um caracol, ou um homem, assustado...)

Palavras sopradas em jeito de abraço pela Seilá:

..."Nada dos outros é nosso - a gente sofre a NOSSA dor alegria tristeza...ai que solidão a deste ser...damos as mãos mas somos tão eminentemente sós que se não sabemos SER que somos e SÊ-LO andamos a esvoaçar em procura do ser uno e nem damos as mãos ...o que nos resta...
Olha se não perceberes apaga.."

Percebi, julgo...não apaguei...




03 fevereiro 2005

epitáfio

Cruzei-me com o meu epitáfio.
Jazia assim:

"Samicas de caganeira.
De caga merdeira! Má rabugem que te dê! *


A gerência não se responsabiliza pelos efeitos colaterais causados pelo contágio originado pelo contacto prolongado, ou efémero, com a alma penada que se volatilizou em horizonte, nem pelas deficiências do produto por manifestamente se encontrar fora de prazo.

Agradecimentos ao Mestre..."

*dizer do "Parvo" em Auto da barca do Inferno de Gil Vicente, quando em conversa com o mafarrico...




02 fevereiro 2005

a árvore

Encontrei uma árvore que chorava, em soluços de angústia, como alguém que se sente injustiçado…
Porque choras? Pergunto contagiado…
Sinto-me só! Disse-me em cores escuras, em silêncios de brisa, com os sons desbotados no brilho, a confundir-se toda no tronco, como quem se envergonha de existir.
Só? Mas tu és uma árvore-de-encantamento! Todos aqui vem beber a tua sombra, todos te procuram, porque as tuas folhas provocam o sonho, o voo, a quimera…vêm todos os dias em busca do maravilhar, não há razão para estares triste!
Vês alguém aqui hoje a fazer-me companhia? Nem uma criança, nem um pardal, um cão ou gato. Nada , nem a luz me visitou hoje!
Insistiu, em choro de folhas, cada vez mais triste.
Não! De facto não vejo ninguém que se abeire de ti, confirmei quase em admiração. (devia haver um ponto de admiração próprio para quem de admira com intensidade, como os há para exclamar ou interrogar, para quem se admira até fazer doer o olhar, esbugalhado de tanto sentir…admitamos, este sinal Ї)
NãoЇ De facto não vejo ninguém que se abeire de tiЇ
, repito admirado, com intensidade…
Pois é! Zangaram-se comigo, porque (dizem) as iludi e acreditaram que eu era mais do que uma árvore. Zangaram-se de-sério, porque eu era, afinal, uma fantasiaЇ Cansaram-se de sonhar e agora acusam-me de as ter enganado-feio. Eu que sempre fui uma árvore-de-sonhar…tenho ali um letreiro em letras grandes-enormes, pendurado nos meus ramos que diz para quem olha e lê: Perigo! Aqui sonha-se! Mas parece que ninguém quer ler, que ninguém quer perceber que aqui, debaixo da minha sombra apenas pretendo provocar o sonho, para que cada um possa levar consigo um pedaço da sua própria fantasia, para se maravilhar com o VER!

01 fevereiro 2005

acaso? ocaso? ou colibri?

Interroguei o “acaso”, que se intersectou no meu caminho. Queria resposta, segura, objectiva, não fosse cegar na escuridão.
Acaso conheces tu, todos os instantes que te formam, te ferem, te iluminam o Ver? Conheces tu o que irá cruzar o teu sentir? Replicou sem resposta, em sussurro, num piar de colibri. Se soubesses, terias para soma, todas as parcelas do UM e deixarias de te interrogar…acrescentou em tons de autoridade e voo até ao ocaso, preso no meu olhar…
Foi tão depressa que lhe esqueci as cores. Não tenho cores para pintar o acaso…

In” apontamentos para um manual da serenidade, ou como a procura desta, pode desenhar-nos instantes de inquietude...

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...