Passeio na areia que se estende em horizonte pintada de castanhos-deserto. Fixei-me em ponto branco, disforme, porque longe. Estava meio, entre a linha e o olhar. Só o sei branco-neve. Dirijo-me para o ponto, interrogativo, expectante. Só vejo branco, nem oiço mar que me ladeia, fiel, companheiro. É rocha, alva, pura. Gigante de branco. Toda dignidade, no meio daquele areal que se veste de “deserto”. É fim de dia e as cores são poesia.
Que faz aquele rochedo branco, perdido na areia, imaculadamente branco?
Homem? Naaaão! Nenhum homem carrega rocha para meio de coisa alguma, quanto mais num areal quase horizonte. Nem mesmo artista!
O Mar? Impossível, mesmo forte, mesmo tormenta, não levaria para local, longe, semelhante rochedo, quanto muito ficaria, beijado de água, escorregado entre o Mar e a Terra, não ali, longe…
Sentei-me a olhar o branco que naquela tarde de fim de dia, insistia em ser só branco, mesmo no sol por, onde todos tomamos outras cores e outros sentires…
Cheio de acreditar, perguntei ingénuo.
Que fazes aí? Quem és?
Sou onda-espuma. Petrifiquei-me de amor por um cristal de quartzo de mil cores. De mil cores! Poderás tu imaginar a beleza de um quartzo de mil cores? Não lhe resisti! Transformei-me!
Levantei-me. Tive medo de olhar tão perfeito ser, não fosse perder-me também. Se o arco íris em que me vou pintando no sentir tem sete simples cores, não ouso imaginar a emoção de se olhar mil cores todas ao mesmo tempo…
Voltei devagar, a olhar os castanho-rosa de fim de dia, a ouvir o mar, a cantar-me, para me sossegar…
25 julho 2004
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1 comentário:
Afinal o Almaro...sempre lá estava, não? E acrescentaste-o aos teus contactos: já não é só Alix...
Eu sabia que o Almaro sempre estivera aí!
Tiveste medo das mil cores como quem tem medo de viver...de sentir...de ser! Por isso fugiste...de novo!
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