Bateram à porta, que entreabriram, sem esperar resposta. Envergonhadas, de olhos baixos, um conjunto de cores invadiram-me o espaço.
Podemos? Questionaram depois de me verem os olhos a perguntarem em silêncio de espanto, o que faziam todas aquelas cores no meu quarto, no meio do livro que se partilhava comigo. Que foi que aconteceu? Pergunto, agora de voz, meio sumida, não fosse assustá-las.
Vimos pedir a tua atenção!
A minha atenção? Como?
Queremos justiça, queremos ser tratadas todas da mesma maneira, afinal somos todas cores…
Não estou a entender, podem explicar-se melhor?
Não estamos a pedir que nos uses a todas, não é isso, o que queremos é ser todas importantes para ti…
Mas são todas importantes. É verdade que as uso com intensidades diferentes, mas sabem melhor do que eu que as cores que uso tem um pouco de cada uma de vós…
Mas quando nos dizes, nas palavras, não nos tratas de igual para igual…
Como não? Exclamo, em perfeito estado de admiração e de indignação!
Quando falas da Rosa dizes Cor-de-rosa, mas se dizes verde, não escreves Cor-de-verde, nem Cor-de-azul. Queremos ser todas Cor-de-Ti…
Fiquei quase mudo, quase estático, impressionado pelas cores, eu que nunca fui impressionista…
Prometes? Promete, promete, somos tão tuas amigas…
Prometo, com uma condição.
Qual? Qual?
Que não se zanguem com a rosa…
07 outubro 2004
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6 comentários:
Gostei da revolta das tuas cores. Agora não te podes mais esquecer da forma como as tratas. Elas têm que estar felizes e disponíveis para nos poderes pintar os teus quadros (de cores ou palavras/côr). beijos
Sultão de Xerazade, também o és das cores! Parece-me a mim que elegeste a cor-de-rosa como a primeira! E as outras, enciumadas, querem a mesma paixão contida nas tuas palavras, as cores...
Beijinho.
Uma estória magnífica! Adorei a revolta das cores :-)
Dora
www.atrasdaporta.blogs.sapo.pt
Olá! Vim cá parar através dum link da inconformada! Não conhecia o teu blog, mas vou tentar ler atentamente!
Belíssima imaginação. Convém efectivamente tratar as cores todas ao mesmo nível, mesmo que a rosa seja a excepção que confirma a regra. bjos
Olha o melhor mesmo é dizer assim: se as palavras tivessem mais cuidado não se arreliavam as cores de não ter em todas de nome a COR ...realmente é como não ser Maria...rss tem algum jeito uma Vanessa, Andreia, Carla, Fernanda,...se não for...Maria?! Mulher - Maria; Cor - COR (vou mas é nanar!)Abraço!
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