Abraço-me no silêncio.
Sem procura. Deixo que ele me envolva.
Sem fuga.
Corre-me no sangue até à alma. Funde-se e transforma-me em ausência.
É o silêncio de mim.
Revisito-me. Olho em descoberta, confundo-me com o só. Mas permaneço e desenho-me. Traço uma única linha.
Em cor de movimento…
Em silêncio, quase só, oiço as sonoridades da pergunta que dança, que me dança em sons de melodia. Flauta de Pan. Rouca.
Em cor de vento…
Abraço-me em alegria serena, pausada, que me pinta, amarelo-gira-sol-em-fim-de-tarde. Pinceladas grossas, baças, rápidas, determinadas.
Já não estou quase só, corro-me nas veias, na vida.
Em cores do existir…
05 setembro 2004
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4 comentários:
e porque é que tem de ser tudo na 1ª pessoa?...
Lindo, contudo!
Aquele abraço.
Ainda bem que do teu abraço no silêncio de ti saiu a serenidade e a consciência da vida que, por si só, com as cores e os contornos que lhe quisres dar, merece ser vivida! Bjs
E porque na vida há cores lindíssimas... alegres de um tom de felicidade enorme... só é preciso cuidar delas. Não apagá-las. Dar-lhes sempre mais vida. E pensar, reflectir que nesta vida há gente cujo a única cor que tem e que sempre teve foi o preto. Dor. Miséria. Angustia. Morte!
Em todo o caso: bonito texto, almaro.
este é , sem dúvida dos textos que mais prazer me deu ler por aqui. belíssimo. :)
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