Os olhos frios, fixaram-me, como animal furtivo que na escuridão da selva segue o movimento da presa que se esconde no vento. Paro. Oiço-me, em batuque acelerado e interrogo-me. Silenciado com a ausência, sinto-me parte de um jogo para que não fui convidado. Já não me olham. Agora quem fita é o medo. O impulso corre o chão que me foge e fica longe, escondido no escuro. Abro a torneira, que também fria me acorda, e se mistura em gestos quotidianos, que nos prendem à rotina do amanhecer.
O dia começa, e já não me interrogo, sigo. Só mais tarde me reconheço no olhar. É assim todos os dias. É assim a rotina de quem se perde no horizonte só depois de se reconhecer no olhar.
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