15 outubro 2004

quando as palavras se cansam e não sabem dizer, cumplicidade...

Queria escrever-te, mas as palavras fogem-me, como se me dissessem, “Agora não! Espera que venham outras de nós, com outros sentires, Espera. Não te precipites. Nós hoje já estamos muito cansadas…”
Queria contar-te todas as histórias que me fizeram o dia. Queria dar-te o meu dia, para me veres inteiro e entenderes o porquê do meu vazio…
Talvez elas tenham razão, talvez as tenha usado em demasia. São muito vaidosas as minhas palavras, pintam-se todos os dias. Sabias?

Vou esperar…
Não!
Esperar não!
Vou visitar-te!

Assim, ao veres-me, saberás todos os passos que me levaram o dia, porque as palavras de todas as histórias que te tenho para contar, estão todas no meu olhar…

17 comentários:

musalia disse...

Vou tentar pela segunda vez, se repetir desculpa...
´`As vezes basta o olhar, as palavras formam-se nas cumplicidades de olhares trocados, nos gestos esboçados, nas ternuras dos sorrisos.
Que esperas para visitar?...
Beijinhos, Almaro.

Sara Mota disse...

A isso chama-se cumplicidade: olhar e isso bastar. Olhar e tudo se saber; compreender o que se quer dizer, sem ser preciso falar. Deixando as palavras descansarem. O olhar, quando verdadeiro, tudo revela.

Quando as palavras ao invés de se mostrarem preferem ficar guardadas (naquela caixinha tão valiosa, guardada para toda a eternidade) , há que saber usar o olhar. Que tanta coisa nos pode dar.

Lola disse...

Ofereço-te o meu olhar de hoje...

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

almaro disse...

a lolita:

As palavras, as minhas

Letras,
uma
a
uma,
em gotas-ondas,
de mar,
de espuma,
desenham-se,
nos passos,
por onde ando,
penhascos ou arribas.
Nascem,
pintam-se
vivas.
Palavras,
que se dizem,
terra,
alma,
que lavro, livre,
todos os dias.
Dou-tas,
as minhas,
escritas,
ditas,
faladas,
uma
a
uma,
todas,
sentidas…

almaro disse...

Amigateatro: é, as palavras tem esta coisa mágica de só aparecerem quando se sentem senhoras do seu nariz , são muito femininas as palavras, todas.

almaro disse...

musalia:visito, sempre, em silêncios partilhados...

almaro disse...

luna: mas eu gosto das palavras vaidosas, gosto de ser surpreendido pelas suas cores, vejo cores diferentes em cada palavra que me acompanha os sentires.
Ps: Obrigado pela visita, sê bem-vinda...

Fátima Santos disse...

por vezes...tantas!...elas escondem-se sim...No silêncio,no nosso! ouvem-se...em passinhos miudos de "shuuut olha que te ouvem!"...rodopiando ... Até que se soltam! Às vezes...temos que as silenciar pois descem a escada de roldão numa desacato numa confusão...e depois compreende-se, até as palavras precisam duma boa sesta!!!
e agente...de um pouco de silêncio de palavras..na cabeça

lique disse...

Espero que as tuas palavras não estajam cansadas por muito tempo. Eu sei que as tuas palavras são vaidosas mas á assim que nos habituámos a elas e à sua beleza. E depois quando não há palavras há, de facto, sempre o olhar ou, só, uma palavra: Olá! Beijos

BlueShell disse...

Eu sei que o eu olhar estaria pronto a contar-me o teu dia. O que eu não entendo é o vazio que dizes que em ti havia...mais do que as tuas palavras eu preciso de te saber feliz: "pinta-te "tu todos os dias, enfeita-te quando saíres à rua...celebra cada dia, cada hora, cada minuto...celebra a vida...porque essa nunca é vazia: é plena de pequenas e , aparentemente, insignificantes coisas que a enchem e a completam...em jeito de Aquele Abraço,Blue

almaro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
almaro disse...

D, ou para o outro lado do atlantico:os sorrisos, são também eles palavras, desenhadas do sentir. Vezes há que se escondem, mesmos querendo ser, outras, brilham com toda a luz de um beijo...

almaro disse...

Seila: Mas como eu gosto quando elas descem das escadas feitas tornado e furacão, e eu só tenho que as ordenar, cheio de brincar e de prazer...

almaro disse...

Lique: Um passeio calmo junto do meu Rio, é suficiente para lhes dar um puco de cor em tons de aguarela. Outros tons mais fortes exigem outros passeios, outros voos junto ao mar e à serra...

almaro disse...

Blue em forma de concha: Não tenho duvida que descodificarias todas as histórias guardadas no meu olhar...

almaro disse...

Branca:sendo já dia , chuvoso é certo, fica um abraço, sem horas...

BlueShell disse...

Deves ter ido ver o teu rio, ontem...
Eu irei ver (penso) as minhas árvores, hoje! Para delas beber vida e paz e harmonia e amor em forma de recordações de realidades longínquas...
Um beijo atrevido.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...