O dia entrou dentro de mim, como tempestade sufocante, onde o simples acto de respirar envolveu esforço e coordenação de movimentos. O existir fugiu ao instinto monótono do viver.
Os estímulos cegaram-me e comandaram-me até à exaustão.
Procurei o silêncio, como quem tenta, em desespero agarrar uma bóia de salvação, mas nem esses gritos de naufrago me devolveram auxilio. Senti-me embrulhado em onda gigante, onde o sentido deixou de existir.
As cores insistiram no cinzento em tons de azul negro, e eu nem sentia forças para procurar ar e para colocar os olhos noutras cores.
Prestes a entregar-me, como quem surge do nada, oiço finalmente o mar em sons de abraço que se envolve no areal de praia deserta.A tempestade acalmou e transformo-me em palavras.
O dia terminou.
Agarrei num livro de páginas brancas e os gestos desenharam palavras que emitiram sons de um grande suspiro.
Voltara finalmente a reencontrar-me. O Tempo transformara-se noutros ritmos e os pensamentos, envoltos em fumo, dirigiam-se para o vazio em passos de peregrino e em sons de batuque, como quem invoca os espíritos.
30 setembro 2003
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