06 outubro 2004

búzio

Oiço um bailado veloz que se transforma em sentimento e derrama em palavras.
Passeia-se entre o ver e o sentir.
Provocante.
Chama-me em desafio, em aventura, no desconhecido,
a sós.
Sinto,
o bailado em sons de flauta e vejo-te,
bailarina,
linda,
rosa-transparente,
a olhar futuro,
em frente.
Quem és tu que se imagina dentro de mim e dança em palavras, como desenho que se pinta sozinho?
Ora és flor, ora és mulher, ora és imagem difusa que voa gaivota com perfumes de mar.
És som do búzio,
(que me ofereceram em palavras e se transformou), real,
grande,
branco-coral,
em som de encantar…
Oiço poema que se canta,
sem voz nem rosto e esvoaça, no meu sonho, no meu olhar.
É uma fada, sem magia,
pintada de fantasia, que diz, baixinho,
não sonhes,
criança…

Resisto,
vejo-a,
dança sem parar,
ora branca,
ora rosa a voar e a cantar.
Mergulho no búzio (que me deram para brincar) e oiço sozinho o mar,
a voar,

não desisto...

3 comentários:

Anónimo disse...

não desistas mesmo!!!sonha sempre!!e cria poesia!
nani

lique disse...

Lemos o rendilhado de palavras que te sai dos dedos (não, da alma), quedamo-nos maravilhados e no fim dizes: não desisto. Como podias desistir? A poesia que existe em ti ia sufocar-te. Sente a bailarina, as cores, a música e obrigada por nos deixares sentir contigo. Um beijo.

musalia disse...

Segue o som da flauta, segue o esvoaçar de quem se dança, dentro de ti e se desenha sozinha. Flor-mulher, mulher-sereia, voz sussurrante que te murmura ao ouvido.
Descobre, sente, Almaro.
Beijinho.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...