27 outubro 2004

cores silvestres

Agarrei em três cores do campo, silvestres, e espalhei-as no olhar, violeta-amora, azul-papiro e amarelo-sol, desenhei um circo, sem vermelhos, sem palhaços, sem sombras. Era a equilibrista que me fascinava o desenho e que se movimentava sozinha nas cores. Estendia-me as mãos, em abraço colorido a assobiar sussurros em ventos leves “vem, vem”…
Não fui, mas pintei…

7 comentários:

Lola disse...

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

PABLO NERUDA

almaro disse...

a Luna, porque perguntou e eu não resisto a uma pergunta e não tenho meio se não este de chegar até ti: Não há palavras só por serem como não há vidas só por serem. as palavras tem alma própria e viajam sempre para alguém. são sinais entrelaçados no sentir. Como um desenho, como um beijo, um verso ou um afecto são dirigidas a alguém. Doutra forma, então sim seriam palavras mortas. letras sem desenho, sem cor.

BlueShell disse...

Porquê a equilibrista? Já te perguntaste?Bjs

almaro disse...

Blueshel: por amor de Deus, não me façam perguntas, que vou ter que responder, e o tempo parece um foguete que não deixa rasto, mas foge-nos à velocidade da luz!
Desabafo feito, aproveito para pedir desculpas a todos os outros que terminaram o seu comentário sem um ponto de interrogação ou sem uma dúvida. Não pensem que ficaram em ordem diferente no afecto e no carinho que tenho por todos os que sem querer vão alimentando a minha vontade de aqui continuar.

Quanto há pergunta, esta não tem resposta minha querida blueshel, não não é preciso nenhum divã freudiano, nem coisas outras do género. É equilibrista, porque a imagem que se me derreteu no olhar era linda. talvez …sim…admito, passei três dias à procura de equilíbrio…equilíbrio puxa equilíbrio, e pronto apareceu no sonho que se pintou.
Fico-te grato e cheio de sorrisos por não teres perguntado o porquê do azul-papiro ou da violeta-amora, questões muito mais difíceis de resposta que me obrigariam a reflexão profunda e certamente levariam a sonhos outros com leves traços de amor e afecto, mas essa história querida concha de azuis muitos, não te vou dar ( eh! eh!).
Sei que vais entender que esta resposta é uma brincadeira que apenas pretende fazer-te sorrir, num dia que te sei particularmente aflita…

musalia disse...

Pintar é já uma forma de ir, de se dar, de revelar...
Beijinho, Almaro.

Fátima Santos disse...

Almaro!Almaro! que dos sentires se espantam os dizeres e quebram indecisos os vocábulos! em cada canto onde passo deixo um tanto! e aqui,e noutros cantos, por muitas vezes, fica-me assim, de sincero eternecido e grato, o meu sentir pasmado (pasmo tanto!) olhando o que não está o que descobre o que é para lá do que em dizer de pouca letra se desdobra solta irradia magoa e ri e chora e desaba e ...Almaro! tu O sabes tu!sabes de sentir que é mais do que o dizer que o escrever pintar desenhar musicar teatrar embalar parir conversar amar(talvez seja só isso! amar!) e/ou(?!) ...apenas (?!) ficar a contemplar a serra o mar uma formiga o trato de criar de uma aranha...sei lá eu! que sei... é neles se faz, mas sempre se alonja! se aquém! de esse fica o que não se vê se diz se exprime e afinal é nele que o que se exprime e é! Almaro! em momentos, muitos, apetece apenas fazer shuuuut...e sair de mansinho deixando em sombra um arco íris a desfazer-se em bola de silêncio...shuuuut!!! eu não disse...pensei..senti...shuuuuu...

rfarinha disse...

A vida em tons de festa e arco-íris ;) bjs

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...