17 setembro 2005

desenho de um sorriso em Ré Maior

A guitarra colou-se ao corpo...
Percorre-me os dedos,
e
navega-me na pele
solta,
inquieta,
atrevida,
como um pássaro,
que se esconde na cor de uma flor…

Toca,
fado-negro,
em cinzentos azulados,
sentimentos,
rimados,
amados,
sem saudade,
sem lágrimas,
sem choro…

Sou bandeira sem mastro,
nem maestro,
ao vento…

Só a guitarra me ouve
e
fala,
em cada folha-que-me-liberta,
deste ulmeiro sem história…

Sou pássaro?
Sou corvo?
Que importa!

Voo-ausente, nesta melodia,
que bebe o sangue,
do homem-novo,
que renasce,
dia a dia…

Ah!
Fosse eu,
o que o olhar-me-sente,
e
a guitarra que se solta,
e se
desamarra,
quente,
nos dedos,
não era pássaro!
Nem colibri!
Nem rosa!
Nem gaivota!
Nem Arlequim!
Nem lembrança!

Era melodia sem fim,
a cantar por esse mundo fora,
desenhada num sorriso de criança,
que ri,
ao som da guitarra que chora…

3 comentários:

Fragmentos Betty Martins disse...

Querido Almaro

Melodia de embalo
cabelos ao vento
trinar de guitarras
que se perdem
num
doce
gemer
das
cordas
dum violino
mãos
que
procuram
que
se tocam
numa pintura
a àgua
dum amanhecer
o
rosto dos alamos
refletido
no teu olhar

Um beijo

Menina Marota disse...

"...desenhada num sorriso de criança,
que ri,
ao som da guitarra que chora…"

Vou adormecer ao "som" desta poesia...

Boa noite :)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

O meu sorriso é a melodia que a guitarra transmite mesmo sem se sentir...

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...