pinto, de lápis e cores de água.
suave ,
não vá o lápis revoltar-se.
os olhos do lápis partem-se em lágrimas se lhe transmito a dor disforme que me salta do ver.
aguarelo-me inteiro,
dessalinado,
em ossadas-andantes-na-negritude-do-sangue-fome.
não tenho ódios,
nem raivas,
nem palavras,
nem gritos,
sou indignação.
por inteiro.
afiado, como o lápis que me escreve,
sem poesia nem perdão.
pinto,
suave,
com o cuspo da ilusão.
parem o tempo!
já!
ah se desse, parava-o eu,
a cada segundo morre uma criança sem (a)deus .
parem o tempo já.
agora!
para que não morra a criança que ainda não nasceu…
já não grito.
já não choro.
sangro sal.
uivo ,
sou animal.
29 junho 2005
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