Tentei contar a uma criança que o céu, durante o dia tem mil e uma estrelas, não uma.
"Nem todas tinham nome, era certo, que a que se via, escondia as outras e quase nos cegava quando olhada, olhos nos olhos, era também verdade, mas elas estavam ali, como anjos a brilhar"…
Duvidou, o menino que me ouvia, com tanto desacreditar que tive que arregaçar as mangas, pegar em escadote e uma por uma , até mil, repintar todas as estrelas-anjo que se envergonhavam nos azuis claros do dia.
Não sei se foi por causa do Sol ter derretido todo o meu trabalho, ou por não ter escolhido os amarelos-brilho certos, o certo certo é que ouvi com todo o desdém , Isso é batota! Disse-o assim sem mais, com os dentes todos, poucos, mas todos, num sorriso de troça…
Não é nada batota, insisti com a imaginação toda aflita…
Voltei a subir a escada e furei o céu em mil e uma alfinetada a pedir-quase-reza, às sortes que acertasse em cada uma das estrelas que se divertiam escondidas de mim.
E agora? Perguntei sem abrir os olhos, tal era o meu desacreditar…
Estragas-te o céu todo! Vou dizer à minha Mãe! Vai-se esvaziar todo! Estúpido!
Fiquei a vê-lo ir em corrida de medo sem olhar para o atrás …
Só reabri os olhos à noitinha.
O céu estava todo divertido, às gargalhadas de luzes…
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