02 novembro 2004

Interiorizações para as quais não se pensam explicações…

Não é um nada, muito menos um vazio, é coisa estranha que se encontra entre o olhar e o sentir.
Movimenta-se, insinua-se numa permanência suave que aquece, mas inibe a imaginação.
Não lhe sei corpo, nem cor.
Visita-me em abraços que se sentem na fantasia de um conto sem história ( não há história quando não existe caminho).
Andei por aí com uma presença translúcida de mim, em conversa sossegada sem olhar o Tempo. Tinha-o, todo meu…
Quando mergulho d’alma neste Mundo bizarro, sem caminhos, que me fala, só o Tempo é meu, o mais de mim foge-me e leva-me com o olhar…
Detive-me num muro que se erguia alto-céu e percebi-me anão-formiga, num labirinto que se passeava no meu caminho a fingir-se destino.
Pintei-o todo de castalheiro-velho-a-brilhar-Outonos e subi-o…

3 comentários:

Lola disse...

Sem estrada, sem caminho, somos uma margem de rio sem ponte. Gostava de saber o que encontrarás para lá do muro. Se o subires até ao céu.

Fátima Santos disse...

um algo que cada um o sente. Um fogo, um braseiro, um buraco, uma lava, um glaciar, um mar de vazio ... será a alma a cantar futuros? serão esconsos de passados? apenas a vida a decorrer? sei que estou aqui e estou sem estar... como se meu estar fosse antes e depois... e o agora só sentir sem corpo sem nada...nem triste, nem alegre...assim um quase etéreo ...um planar de sosssego
(eu a ver-me viver com a história toda contada!)
saber os cruzares de trilhos, os assumares de altos, os
labirintos todos, cada gota de orvalho, cada sismo, cada sorrir, cada lágrima
(eu a saber de tudo e aqui serena...sossegada!)

musalia disse...

Caminhos e a sua ausência, obstáculos que se ultrapassam, pintando cores, formas. Sentires e olhares, permanecem limites de indefinições.
E tu percorres labirintos interiores,sonhando caminhos que transformas em possibilidades...

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...