14 março 2005

distracções

Ia distraído.
Vou sempre, quando me viajo no Universo, porque vou sem sentido a ouvir as árvores a ralharem-me o existir.
Esta que me falou hoje era um pinheiro-com-perfumes-de-alfazema, cheio de eternidade. Disse-me que ia no sentido errado, que o meu caminho era bem lá mais para baixo, junto ao Rio. Lá tinha todas as minhas sombras e cores que eu baptizei em menino…
Zanguei-me com ele, respeitosamente, por ser árvore apinhada-de-tempo , " caminho é onde o olhar nos leva, não os passos", disse sem convicção a olhar o chão não fosse ela fulminar-me com todo o seu peso de árvore-que-segura-a-terra-no-céu.
Ele amuou e eu também.
Fiquei assim, sem jeito de saber se o meu lugar era ali perto da serenidade, ou junto ao rio que não pára, sempre com pressa de se transformar em Mar…

3 comentários:

Fátima Santos disse...

aqui o sonho reina
é mais...a vida...
mas Seila que raio!!!
que é a vida senão sonho?

shuuut olha que ele... o que está sempre vivendo... está a espreitar-te lá do alto numa conversa amuada com um pinheiro do Universo...

Paula disse...

Um belo retrato... uma bela pintura... uma bela imagem. Todo o blog nos conduz numa bela aguarela de palavras...parabens;)

musalia disse...

os cheiros, os sons, o correr da água, a vida em si.
beijinhos.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...