Algures, em hora e dia indeterminado do nosso existir, surge ou surgiu um cavalo.
Faz parte do nosso imaginário, mil e uma aventuras, vividas no dorso de um cavalo.
Mesmo quem os receia, viveu um sonho com um cavalo, se não é verdade, imaginemos que sim e deixa de haver espaço a polémicas, que sonhos não têm discussões. São todos verdadeiros!
O meu cavalo, branco e vermelho, de crina-de-lã-trigueira, apareceu-me hoje em galope de vento…
Quis levar-me em corrida sem destino, com as suas patas-de-baloiço a voar, ao som do seu sininho…
Mas fiquei aqui, com as patas presas…
Tinhamos os dias desencontrados...que pena...
24 março 2005
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6 comentários:
Que pena esse desencontro! ;) Um beijo.
Novas oportunidades virão! :)
Beijinho *
...Almaro...venho desejar-te uma Páscoa feliz...
Um beijinho*.
"Cœur incendié
Mon sort
Est naviguer sans fin
Une mer amarante
Écarlate
Carmin..."
...Outros encontros virão...Esteja pronto para navegar...Está?
BJS
NANE
hoje na te leio :)Almaro ...
Boa Páscoa! e bom apetite!
http://www.esec-eca-queiros-lsb.rcts.pt/mpei/folar.jpg
Era a minha voz antiga
ignorante dos densos sumos amargos.
Advinho-a a lamber-me os pés
sob os frágeis fetos molhados.
Ai voz antiga do meu amor!
Ai voz da minha verdade!
Ai voz de minhas costas abertas,
quando todas as rosas me brotavam da língua
e a relva não conhecia a impassível dentadura do cavalo!
Estás aqui a beber meu sangue,
a beber meu humor de menino passado,
enquanto meus olhos se quebram no vento
com o alumínio e as vozes dos bêbados.
Deixar-me passar a porta
onde Eva come formigas
e onde Adão fecunda peixes deslumbrados.
Deixar-me passar, homenzinhos dos cornos,
o bosque dos espreguiçamentos
e dos saltos alegríssimos.
Eu sei o uso mais secreto
que tem um velho alfinete oxidado
e sei o horror de uns olhos acordados
sobre a superfície concreta do prato.
Mas não quero mundo nem sonho, voz divina,
quero a minha liberdade, meu amor humano
no recanto mais escuro da brisa que ninguém queira.
Meu amor humano!
Esses cães marinhos perseguem-se
e o vento espreita troncos descuidados.
Oh voz antiga, queima com tua língua
esta voz de lata e de talco!
Quero chorar porque me dá gana,
como choram os meninos do banco mais atrás,
porque não sou um homem, nem um poeta, nem uma folha,
mas um pulso ferido que ronda as coisas do outro lado.
Quero chorar ao dizer o meu nome,
rosa, menino e abeto na margem deste lago,
para dizer minha verdade de homem de sangue
matando em mim a troça e a sugestão do vocábulo.
Não, não. Eu não pergunto, eu desejo.
Voz minha libertada que me lambes as mãos.
No labirinto de biombos é meu corpo nu o que recebe
a lua de castigo e o relógio sob a cinza.
Assim falava eu.
Assim falava quando Saturno parou os comboios
e a bruma e o Sonho e a Morte andavam a buscar-me.
Andavam a buscar-me
ali onde mugem as vacas que têm patinhas de pagem
e onde flutua meu corpo entre os equilíbrios contrários.
(Poema Duplo do Lago de Éden by Federico Garcia Lorca)
FELIZ PÁSCOA
Abraço :-)
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