27 setembro 2004

as minhas sombras

Estremeço com o olhar que me perde,

ando à deriva, em mim,
mineiro sem luz,
sem sombra, nem negros,
corro em caminhos sem fim,
traços esguios, em cruz,
gigantes, cedros,
aqui,
muros,
ali,
escuros…

a minha escuridão pinta-se verde,
sozinha,
em mim…

6 comentários:

Refúgio Lunar disse...

E assim, da tua sombra surgiu mais uma pintura de teu ser. ;)

Abraço

lique disse...

E porque não sair da escuridão, saltar os muros, dar cor aos escuros? O teu poema é belo mas um pouco triste. Beijo.

BlueShell disse...

Não é a escuridão que te caracteriza: é, sim, nela que tu te escondes...porque os "traços esguios, em cruz" podem ser metáfora de vida: uma vida plena de Luz...

almaro disse...

blueshell: a Cruz é de facto metáfora de vida. Independentemente de todo o simbolismo que carrega, a cruz é uma intersecção, e a vida cruza-se instante a instante. Quanto à escuridão, sublinhei-a, verde. Metáfora, outra, mais singela, mas cheia de caminhar...

almaro disse...

Lique: Acredita que é isso mesmo que me move o olhar, saltar muros, e pintar a escuridão, de cores outras, as minhas. Quando o muro é gigante, e as pernas são mais curtas que a vontade, pinto-lhe uma janela, e mergulho-me todo, repintado do outro lado...
Ps: não te preocupes com a minha tristeza, como tudo na vida é um ciclo e como tu bem sabes a tristeza, aquela que se torna irremediável anda ao nosso lado e vezes várias viramos-lhe as costas, indignados, mas indiferentes, porque para nós, que nos consumimos no Eu, tudo é longe, tudo parece passar no ecrã de uma televisão, para justificar espaços e tempo para uma publicidade que nos vai cegado o existir...
Não era nada disto que queria dizer aqui...

musalia disse...

"o verde abarca tudo", assim disseste no meu espaço. E é verdade, se a tua sombra se reveste desse tom. Abarca os sentimentos que te povoam, e esses, devem ter as cores mais diversas.
beijinho.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...