21 setembro 2004

uma palavra, cheia de cor e de recados

Caiu-me uma palavra aos trambolhões no caderno em que me escrevia. Sentia-se “ AZUL”, com todas as letras que a palavra AZUL dizia.
Olhei-a. Não sabia o que fazer com ela.
Zanguei-me e insultei-a. “ Atrevida! Insolente!”, disse-lhe, quase excessivo.
As palavras não têm o direito de nos invadirem o olhar, assim sem mais…
Tornam-se provocadoras, cheias de inquietude…
Agarrei nela, abri a janela e joguei-a para fora…
Fugiu para longe a gargalhar-se até ao horizonte…
Fiquei-a olhá-la, até à noite…

5 comentários:

o5elemento disse...

{ ... sim era esse azul de céu, compreendido, amado nessa solidão sentida a medo perdida, sim, era esse azul céu que queima o tempo de nós neste que vestes imenso véu © o5elemento ( heterónimo de © biquinha ) ... }

lique disse...

Não deves jogar assim o AZUL pela janela. Essa palavra com todas as letras do azul faz falta nas nossas vidas. Mas ela vai voltar. Um outro dia... Beijo

musalia disse...

Não sei se a cor voltou, a da palavra, mas permaneceu contigo, porque ficaste a olhá-la...É o que têm as palavras, vêm-nos da alma, passam pelos dedos e ficamos a olhá-las, como coisas com vida que se autonomizam de nós. Não as controlamos, depois de escritas. E revelam-nos coisas...
Beijinho, Almaro!

Estrela do mar disse...

Almaro, tenho andado um pouco ausente por motivos pessoais, mas hoje consegui vir até aqui. Desde já dou-te os meus parabéns pelo novo template, que a meu ver está muito mais bonito. Gostei.
"(...)fiquei a olhá-la até à noite(...)", deitaste-a fora mas ela sentiu-se valorizada e tenho a certeza que um dia vai voltar, quando ela achar que é o momento certo.
A continuação de uma boa semana para ti.
Um beijinho.

BlueShell disse...

...e atrevida , porque apaixonada, não te largou. Na noite se aconchegou e esperou. Viu-te acordar e pôde , ao ver-te, de novo amar...por isso é azul!É imensa, como imenso é o amor verdadeiro, está sempre presente...
Da próxima vez não lhe ralhes: olha bem para ela e verás o seu sorriso acariciar-te a alma!

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...