08 setembro 2004

folha de papel

Tenho uma única folha branca, estaticamente branca que me desafia, porque única, porque ultima.
Interrogo-me intimidado pelo poder ilimitado que detenho, sobre esta folha que quase me cega de luz.
Pode ser universo, mundo fantástico, desenho qualquer, sorriso ou lágrima. Pode ser quadro, abraço, avião, pássaro, nuvem ou mar. Pode nascer palhaço, criança, sorriso ou estilhaço. Não me decido.
Tenho um lápis lilás, uma paleta de cores fortes e uns olhos atrevidos, ávidos de impaciência à espera que o papel se transforme em vida.
Olho o vazio à procura de um sinal, de uma palavra que o movimente, que o torne imprescindível ao olhar que o devora.
O horizonte esconde-se. Não me segreda, não me sussurra, nenhuma palavra mágica, nenhuma cor , nenhuma fantasia. Esqueço o horizonte, afago a folha e pergunto-lhe: O que queres que te faça? De que emoção te queres vestir? Quero que me deixes tal qual, carrego comigo toda a emoção do teu vazio…

5 comentários:

Anónimo disse...

LetrasAoAcaso

O conceito do NADA é como todos relativo, não achas?!
Diria que a vistas com a essência desse "vazio" que o não é.
Abraços e é sempre um prazer passar por cá.

Maria Azenha disse...

o silêncio já é por si uma música especial. e ainda acrescida de cores... que bela composição.



voltarei a visitar este espaço.


abraço.

Fátima Santos disse...

Claro que não tenho tempo para ler tudo...felizmente li isto!!!

Refúgio Lunar disse...

Desenhas nessa folha o teu olhar.
Continua a cravar nessas folhas o que de ti és feito.
Abraço

nocturnidade disse...

simplesmente lindo!
tenho um lápis lilás...

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...