Tropecei no horizonte.
Linha irrequieta, esta que insiste em nunca se passear no mesmo local…
Atrevido, puxei-a com olhos-de-palhaço-criança-em-hora-de-recreio ,enrolei-a num enorme novelo-de-encantar e segurei-a com o olhar.
Não era de cristal esta bola-horizonte-em-tons-de-papoilas-que-chegaram-antes-das-andorinhas, era como... cabelo, de mulher que se ama, entre os dedos, em penteares de ternura…
Mas chegaram as papoilas, com ou sem horizonte, caído ou levantado, pouco importa.
Chegaram!
Vermelhas-sangue-de-sol-posto-em-terras-de-áfrica!
Devem ter vindo do mercado. Cheiravam a novidades, mas eram todas segredo ( podem e devem ler esta parte em sussurros murmurados, quase só olhares)…
Conto, porque o segredo era só delas, não meu…as andorinhas vêm mais cedo (já o sabíamos, disse-o a bola que não era de cristal), só que vêm pintadas de azul…
Fiquei a imaginar primaveras-com-andorinhas-azuis-e-papoilas-tagarelas…
Não, o céu não vai gostar de se ver invadido, assim sem aviso prévio, por outros azuis…
Vai ficar cheio de ciúme, porque vamos todos olhar para ele, mas não para o ver…
É o que dá quando tropeçamos no nosso horizonte…
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2 comentários:
Pelo menos temos um horizonte onde podemos tropeçar...
Sempre, BShell
É bom tropeçarmos de vez em quando.
Quando levantamos a cabeça vemos coisas que nunca teríamos visto se não tivéssemos tropeçado.
Um texto lindo! Estou a viciar-me *
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