19 maio 2005

bancos-de-jardim

Espalhei passos (meus) em acasos de fim-de-tarde, cansado, em Jardim-Pintado-de-Novidade (com salpicos-coloridos, a espreitar os verdes e a murmurarem conversas soltas como só eles, o vento e os poetas-pintores entendem e sabem).
Sentei-me em Banco-de-Jardim.
Branco-Pedra.
Frio.
Os bancos de jardim, mesmo novos ( como este que me abraçou o olhar e o cansaço) são ouvintes, ao acaso, nos ocasos dos destinos que soluçam, engasgados, os desencontros da vida, num jogo de dados ou de cartas, ou em jogo nenhum, porque a solidão afinal não o é (jogo), é sim uma pergunta contínua que joga à escondida com a resposta. ( desculpem, os que têm o azar de se passear nestes labirintos escritos, mas quando nos paramos, mesmo sentados, o pensar não pára e confunde-se na inércia do existir).
Sentei-me.
Repito...
Cansado (ainda) no banco-branco do jardim…

Os bancos dos jardins, mesmo os de pedra, novos, são desenhadores de rugas…

As rugas escorregam-se quando nos sentamos nos bancos dos jardins a olhar o horizonte que nos passou no Ver quando não nos sentávamos, cansados, nos bancos de Jardim…

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não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...