Cruzei-me com mulher que se passeava, ausente a sorrir sozinha. Fixei a imagem porque bela e como intruso, furtivo, tentei redesenhar aquele sorriso, que era só dela, e eu tomei como meu.
Inventei-lhe uma história que coubesse no quadro. Sorria recordação, de filho ausente, em cidade séria, de estudos, a educar-se na esperança de um futuro, sorria filho de tempos outros a puxar-lhe a saia em busca de colo, em busca de afecto, de beijos e de sorrisos, sorria saudades, sorria de amores a esconder-se de sombras e de carinhos que esvoaçavam longe, em tempos em que lhe orientava os passos, de mãos dadas, sorria, sozinha com o coração cheio de filho...
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