15 dezembro 2004


Esperas, sem angustia.
Perdeste tudo, até a dor.
As horas, desfazem-se no tempo que te foge, sem gritos. Sem os teus gritos, que és menino sem voz.
Longe da humanidade, sem memória, sem passos nem caminhos, esperas, o nada.
Olhas, o desespero de teres perdido o sentir que mendigas, sem existires.
Já não és nada, nem numero, és buraco negro, indiferente, sem cor nem passos.
Roubaram-te o caminho, espezinharam-te a alma, mas continuas aí vazio sem nada, à espera. Nem a morte te quer, porque a morte só deseja a vida.
Hoje o meu dia, é teu, sou o teu grito, o teu vazio o teu nada...
Não tenho presépio, nem palha.
Espero.
Olho.
Estou ao teu lado, sem grito, vazio, pintado de vergonha e de cara tapada...

6 comentários:

Fátima Santos disse...

fico contigo, Almaro corando a mesma vergonha...

red hair disse...

Agora deixaste-me aqui a olhar, sem palavras...

musalia disse...

...como o natal é angustiante, a época...vazia.

imagem da nossa consciência...


beijo, Almaro.

Lola disse...

Talvez seja melhor gritar bem alto a raiva. Pode ser que os senhores do mundo nos oiçam. Como não posso beijar todas as crianças do mundo que sofrem, deixo-te um beijo a ti,por te teres lembrado.

BlueShell disse...

Dói...Muito!!!

rfarinha disse...

Quando pensamos que estamos mal, devemos lembrar que existem pessoas que não têm o que consideramos banal... de tão simples que é, até custa acreditar que ainda existe ;) Bjs

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...