30 dezembro 2004

não os pintei...

Fui de asas emprestadas por um bando de gaivotas-de-rio e transformei-me em brisa, quase água, quase silêncios.
Passeei em terras de verdes-frio, sem cinzentos-fosco, puros, autênticos.
Vagueei nos meus verdes. São os meus verdes...ainda só olhar.
Não os pintei…
Parei. Numa espécie de pausa de Vida, de instantes, para ouvir todos os pedaços de silêncio…aqui o melro…ali a perdiz… mais além o canavial, pedaço em pedaço, trazidos pelo vento.
São os meus sons...ainda só olhar.
Não os pintei…

8 comentários:

Estrela do mar disse...

...Almaro...passei para te desejar umas excelentes entradas para o ano novo que se avizinha...e que 2005 supere eu quase todas as vertentes o ano de 2004...
Um beijinho*.

BlueShell disse...

Não os pintes...limita-te a observá-los: são teus assim como são!...

Quando éramos novos...procurávamos sem rumo! Agora...cessou o Tempo da busca: nada há que se possa encontar!
...do tamanho do universo
BShell

inconformada disse...

Pintaste-os sim... até o laranja do bico do melro !
Não os pintaste como ?? Pois se eu os vejo todos aqui...

Fátima Santos disse...

é...Zé...as palavras...as pinceladas...traem por vezes (mesmo os escutares)o sentir de cada um...diferente...é, Zé...prefiro deixar um ramo de silêncio...

musalia disse...

por vezes é tão necessário parar, diria...vital.e o olhar guarda tudo e depois reproduz, misturando o sentir, o afecto de quem apenas respirou os lugares, as cores, a folhagem, os movimentos das aves.

Beijinhos, Almaro.

Lola disse...

Há milhares de anos, era uma vez.
Era uma vez uma alma que procurava estrelas. Pegava nelas com carinho, limpava-lhes o pó do caminho, puxava-lhes o lustro, dava-lhes um beijo todo feito de ternura e sorrisos e soprava-lhes a nova viagem.
Essa alma ficava em terra firme. E via as estrelas com asas transformarem-se em gaivotas. Em gritos e voos elas planavam sobre a alma que lhes dizia adeus. A alma que as amava tanto, tanto, porque elas sabiam voar.
E depois os verdes e os azuis e os vermelhos eram todas as cores que se pintavam em espirais de amor.
E depois os silêncios eram os gritos das gaivotas que me diziam adeus. E depois os silêncios, eram a ternura que restava em mim.
Nas pegadas da areia que a alma deixava em rastos suaves, nos seus pezitos indizíveis, como as pegadas das gaivotas que voltarão um dia em que o Sol brilhe de novo.
Quando as gaivotas voltarem, eu estarei na praia. À espera.

MK disse...

Pintaste-os na mente. A maior parte dos meus quadros é assim que os pinto, primeiro ou unicamente na mente...

o5elemento disse...

{ ::: [boas saída.s e melhore.s entrada.s][saúde] ::: }

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...