01 dezembro 2004

o muro

Há um muro que me persegue, que se julga senhor dos meus labirintos.
Não tem sorte este muro que de tanto me acompanhar, é o meu muro. Sabe ele que voo, que lhe abro janelas, mas ele insiste tanto em me empurrar com a sua sombra que foi com ele que aprendi a ser teimoso.
Só hoje percebi que o muro é afinal, a linha do meu caminho. De um lado está a realidade do sentir, do outro a do olhar…
A gaivota leva-me de um ao outro lado do muro, mas o caminho que me levam os passos, esse é o muro que construo.
Por isso gosto tanto do Mar. É aí que o sentir e o olhar se fundem, numa espécie de sonho que se vive sem voar…
O muro, esse, é vulgar. Não é mostrengo, nem formiga, nem poeta, nem Quixote, é um muro de tijolo-pedra que se estende devagar…

3 comentários:

Lola disse...

Hoje ofereço-te um dos ,meus livros preferidos. De José Gomes Ferreira, As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo. Em busca de si próprio e dos outros, João sem Medo decide entrar na Florescta Maravilhosa. E o primeiro desafio que lhe é proposto, é um enorme muro que terá de transpor. Nele encontra-se uma inscrição: Proibida a entrada a quem não andar espantado de Existir. Um beijo

Anónimo disse...

um abraço para ti e outro para a lolaviola-adorei a conjugaçaõ.
nani

musalia disse...

o muro estrutura o teu caminhar, define o sentir e o olhar que queres separado...apenas reunido na imensidão das águas...
beijinho, Almaro.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...