20 maio 2004

o meu dia

O dia entrou violento,
mal educado.
Entrou furacão,
feito paixão,
em atropelo,
incontido,
mutação.
Feriu-me em luz ,l
acerou me o sentir,
o entendimento,
a razão,sem mentir.
Olhei-o!
Fitei-o,
mas continuou galope crina em vaga-turbilhão.
Todo ele era nuvem ao vento,
onda,
explosão.
Parei,
invisualizei-me,
ausência do sentir,
mas ele gritou,
abanou,
empurrou,
parecia multidão.
Pára!
Quase gritei!
Implorei, quase oração.
Quis fugir-lhe,
mas disse, Não!
Respirei-te o ar,
Olhei-te fundo,
quase mar,
peguei-te mão e disse-te,
devagar,
dá-te tempo,
aprende a dançar,
não te finjas tempestade,
amanhã és outro,
inteiro,
gente,
cidade.
Por mais que corras,
por mais que grites,s
ó te tens Tempo.
Não te faças morto.
Já pensaste?Olhar para ti
e ter-te,
grande,
inesquecível?
Já imaginaste,
sentir-te?
Seres história contada a netos que vão ser Avós?
Basta seres sensível,
único,
inconfundivelmente ÚNICO,
mágico,
mistério,
voz!
DESCOBERTA!
Deixa me descobrir-te ,
sentir-te,
pintar-te,
para seres o Meu dia,
a minha fantasia,
suave,
terno,
quente
meta,
sem me sentir ausente,
e ser ave,
sol-poente...

Recados de um dia que não se deixou atropelar, por quem o não via...

"Tu é que te iludiste que eu tinha mais tempo para te dar, tu é que me atropelaste e me cegaste em cor. Se há coisa que não posso fazer é inventar-me para ti. Sou sempre o mesmo, tu é que me passeias a fugir-te.
Pára tu, para me veres.
Eu não corro, não o sei, estou preso em mim, cada segundo morro, cada segundo vivo, estou preso, em grades do olhar e da fantasia de cada um que me toma como seu.
Só me liberto porque cada um me usa, me consome de maneiras várias.
Sou sombra e luz em cada um que me corre. Sou aquilo que não tens, não sou Ser, mas vivo, vivo-te enquanto tu me corres em olhares multicolores.
Por tudo isso, aprende-me, que eu sou flor que só dura um dia. Vive-me, porque amanhã é outro dia."


E ele , sem pedir licença ( eu bem disse que ele era mal educado) tornou-se ÚNICO, e não coube em mim. Fiquei cheio de silêncios e sentimentos vários, a sorrirem-me criança, todos só para mim…

Sem comentários:

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...