08 maio 2004

teoria da descontinuidade

Explica melhor, por favor!
Supliquei, todo sentidos, debruçado em atenção.
Caramba, caro senhor, já não sei como lhe explicar coisa tão simples, então não entende que há os Partidos de dentro, (os de direita, do centro da esquerda, das extremas), e os de fora? Os de dentro ainda não deram o pulo, e continuam todos a olhar para o dentro, e ainda não perceberam que já não há mais nada que experimentar se quiserem evoluir, se não quiserem estagnar. É como os números!
Como os números? Pergunto esbugalhado de curiosidade.
Sim, caro senhor, entre os números um e dois há uma infinidade de outros, basta por uma virgula e já vê o quanto se torna impossível passar do um para o dois, sem se dar um salto para fora. A continuidade só existe no tempo, não na evolução. Para evoluirmos temos que andar sempre a saltar de limite em limite, de descontinuidade em descontinuidade. Assim é também com a sociedade e com a forma de politicar. Eu, caro senhor, sou o arauto do partido de fora, não há cá votos em branco, não senhor. Há o partido de fora, e quando os de dentro passarem para os de fora, cá estou eu para saltar outra vez, é o meu contributo para a sociedade.
Fiquei a olhar para o arrumador de carros, que de olhar no longe me estendia a mão, para uma moeda. Olhei-o fundo, na sujidade que o cobria, nas rugas que o feriam, gravadas do frio e da indiferença. Não havia dúvida possível, tinha ganho um adepto, dei-lhe a mão, não moeda, e saltei de pés juntos, para fora.

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não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...