12 abril 2005

a medida de cada um

Papá, papá diz-me, porque estou sempre a voar? Porque ando sempre a fugir-me? Diz-me papá que eu ando tão perdido…
O sonho, meu filho, não é fuga, é um sorriso da alma que nos fortifica o querer…
Mas papá, diz-me, então porque ando sempre tão triste, e só me sorrio quando me invento?
Tu inventas-te? Finges-te?
Não sei papá, mas as minhas asas são desenhadas….
Mas meu filho, tudo que é desenhado com o sentir, existe-te, porque é autentico…
Papá, papá, mas eu não sei o que fazer com o sonho...
Não faças nada com ele, deixa que ele se dissolva no olhar e verás que cada vez que isso acontecer, cresceste no teu caminho…
Toma as minhas asas, papá. Não as quero mais…
Não as posso aceitar, meu filho, cada um só pode voar com as suas próprias asas, não se empresta o sonho… Guarda-as com carinho, porque foram elas que te trouxeram até aqui.
Papá, papá diz-me, porque é que quando voo sinto-me sempre tão sozinho…se tu também desenhas-te as tuas asas e voas, porque nunca te vejo no meu voar…
O voar é o teu questionar, apenas te ensinei a acreditar nas tuas asas, se assim não fosse perderias toda a capacidade de as usar, porque elas só funcionam com o sentir, e esse meu filho tem a medida de cada um…

2 comentários:

Vênus disse...

Por vezes é difícil voar....
As asas pesadas, molhadas de lágrimas...Mas o sol sempre volta...E a vida é sempre um remomeçar...

BJS
NANE

Dra. Laura Alho disse...

As minhas asas caiem-me às vezes. Fazem-me perder da vida real. Outras vezes, esqueço-me delas. Mas quando me perco, encontro-me nos sonhos. Naqueles que alimento. E de repente, as asas voltam e eu voo, sozinha, comprometida comigo mesma.

Lindo texto. Beijinho terno *

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...