05 abril 2005

oiço...


Capto o silêncio da terra que se oferece em cores húmidas e que me fala pausadamente, (como se eu não lhe soubesse o falar),
conta-me os passos,
passados num eternamente longe.
Conta-me as viagens, as suas.
É terra navegante, esta que hoje piso e me fala dos passos pisados.
Foi amada, foi mãe vezes sem conta,
pisada e re-pisada também.
Mas conta,
conta-me,
cada grão,
cada nada.
Conta,
conta-me que grão só, não vale nada, só inteira tem história.
Oiço.
Oiço-a.
Oiço-me.
Em silêncio, no seu silêncio...

Vale do Sorraia - Março 2005

4 comentários:

Anónimo disse...

O apelo da terra.... nem consigo dizer mais nada. Bj da Fernanda

Dra. Laura Alho disse...

Curioso, hoje enquanto plantava uma semente que me deram, remexi na terra a pensar nos seus sons. Não evitei sorrir ao ler este texto.

No meio da agitação, acabamos por ignorar os seus chamamentos, vindos do seu interior. Hoje senti-o e revivi-o. Beijinho *

Anónimo disse...

O silêncio pode segredar-nos tantas coisas...

musalia disse...

belissimo chamamento da terra mãe. gosto destas tuas palavras, mais claras, menos nubladas.

beijos, Almaro.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...