14 abril 2005

o pássaro

Passou um pássaro negro a esvoaçar-me meio louco à janela e a pintar o céu de gritos roucos. Parecia um piano de cauda, desconjuntado a tocar sozinho…
Chamei-o!
Disse que não me podia atender, que andava meio perdido ( meio-louco) à procura do olhar, não do seu, que o sabia bem guardado, mas aquele outro que tinha que mostrar à humanidade, antes do céu se pintar de estrelas, porque senão, não iria haver sonhos nessa noite.
Fora um desastrado, encantara-se por uma borboleta linda, de-cores-violeta-rosa e num acto tresloucado oferecer-lhe o olhar que os pássaros tem que mostrar à humanidade e a agora não havia nada que salvasse a humanidade. Ele que era o guardião, estava agora desgraçado…
Espera! disse eu aflito, surpreende-nos… só precisas de te sentir borboleta de cores-violeta-rosa, verás que ninguém dá pela troca, anda, anda aqui, que te pinto… o sentir, esse é contigo, mas as cores...
Não dá, tenho que A encontrar, não se pode enganar o sonho, essa é a grande diferença entre o sonho e a mentira…
Nunca mais o vi...
Só me resta esperar pela noite e ver de que cor se pinta o meu sonho, talvez tenha encontrado a sua borboleta naquele prado lindo vestido de papoilas que se esconde, ali ao pé do horizonte…

1 comentário:

musalia disse...

persegues as cores com o teu sentir e o teu olhar...
beijinhos.

não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...