25 junho 2004

o livro

Desfolho um livro, sem olhar letras, sem ver história. Passo-lhe a mão em carícia, em amores incontidos. Não são as palavras que me movem os sentidos e os gestos, mas o que lhes imagino em cada olhar. Palavras, vivas que se transformam em desenho e este nasce em corpo que procura abraço, que procura carinhos outros. Eu, de olhar longe, repito afectos que se bailam em poemas, em folhas de livro que me sorri. É livro que começa, é livro que ama, não ensina, porque leva o olhar para memórias, para momentos sem tempo, presos no peito. Só o amor se liberta preso (no olhar, no sentir, na cor, na pele, no beijo).
Passo as folhas como quem toca uma flor. Não lhe leio história, porque é outra a que as palavras me trazem. O livro é só ponte, a palavra é só musica que murmura aragens distantes em ecos que se repetem em amores e afectos. O livro não tem titulo, não tem capa, nem desenho, nem autor, é livro que se vive, só com amor.

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não uso tempos, nem agendas ou instrumentos outros que meçam pedaços do existir. é jeito meu. por isso passar de um ano para o outro é cousa...